quinta-feira, 10 de junho de 2010

Onde o oceano beija a montanha >>>

Onde o oceano beija a montanha

7 Jun
Pai carrega o filho na subida da Table Mountain. Contato único com a natureza FOTO: Marcos Limonti
Rodolfo Tiengo
Da Cidade do Cabo
Marcada por hábitos ingleses – haja em vista o sotaque dos moradores, a mão inversa no trânsito e a paixão pelo rúgbi – e sede legislativa da África do Sul, Cape Town possibilita aos turistas uma experiência multicultural e enriquecedora. E não falamos apenas dos 11 idiomas do país – inglês, africâner, xhosa, zulu, zutu etc. Cosmopolita e organizado, num misto de Rio de Janeiro e Londres, o lugar tem de bairros europeizados até regiões com casas coloridas e mesquitas. Numa mesma cidade, você encontra de igrejas metodistas e anglicanas a igrejas ortodoxas gregas e católicas. De campos de rúgbi e críquete, como os de Newlands, a áreas dedicadas ao rock e ao golfe, como em Observatory.
Essa é uma localidade em que é possível comer desde um hambúrguer com fritas por 25 randes – muito comum na hora do almoço – até um quilo de carne de porco assada com molho especial por 95 randes, como a reportagem fez no restaurante Ribs, no bairro de Deep River. E por falar em culinária, aqui é bem fácil ter experiências gastronômicas impressionantes indo a recintos como o Moyos, em que por 275 randes se come de tudo um pouco em mesas exclusivas montadas em copas de árvores e ao ar livre.
 

Vista geral da Cidade do Cabo. No fundo, à direita, Signal Hill. À esquerda, a Table Mountain e à frente o estádio de Green Point. FOTO: Marcos Limonti
Bem mais preparada para o turismo e mais segura do que outros centros urbanos do país, a Cidade do Cabo é extensa – são 2,5 mil quilômetros quadrados de malha urbana -, mas permite às pessoas uma orientação simples através de pontos de referência como Waterfront, Camps Bay e o Cavendish Mall. O deslocamento, para quem prefere não alugar um carro, pode ser feito por ônibus convencional – cujos horários são bem escassos -, táxi, cuja passagem pode custar 200 randes para uma corrida da estação da Table Mountain até Rondebosch, trens e, claro, as vans.
Aqui chamadas de mini-ônibus, são o meio de transporte mais popular e barato. Apesar da desconfiança dos estrangeiros, pode-se dizer que as vans são seguras sim. Com uma moeda de cinco randes na mão do cobrador dá pra ir bem longe, ouvindo black music bem alto – o que, num cenário como esse, é muito divertido.
E, de repente, se estiver um sol daqueles, não hesite em ir aos subúrbios de Camps Bay, Clifton e Sea Point, com belas praias, pistas de caminhada e ampla rede de restaurantes. Em Camps Bay, bairro tomado por mansões em que as celebridades sul-africanas e internacionais costumam estar, há bons restaurantes à beira-mar, como o Romanade, Zen Zero e o mais badalado de todos, o Cafe Caprici. Também não deixe de fazer um tour por toda a península, com a possibilidade de encontrar pingüins em áreas muito tranqüilas.
Após muita caminhada, FOTO: Marcos Limonti
Table Mountain
Subir e descer o principal ícone natural da Cidade do Cabo, como a reportagem fez em três horas e meia a pé, é o tipo de presente que você deve dar a si mesmo quando vem à África. A reportagem começou a caminhada às 10h20, numa perfeita manhã de sábado. Sol cintilante e céu azul garantindo que não teríamos chuva pela frente.
Passo a passo, subimos a rota sugerida para quem prefere ir a pé em vez de pegar o Cable Car – um bondinho ao estilo Pão-de-Açúcar, cujo passeio custa 85 randes. Nos primeiros 15 minutos, o corpo ofegante te sugere que há um difícil e talvez impossível trabalho pela frente. Se isso acontecer com você, não hesite. Siga em frente. Na primeira hora de caminhada, o corpo até que se acostuma às condições difíceis do terreno, sempre em subida. A melhor metáfora para o que enfrentamos é uma escada irregular com quilômetros de extensão, sem corrimãos.
Mais de mil metros de altitude e está magnífica visão são mais que suficientes para ter momentos de reflexão FOTO: Marcos Limonti
É gente do mundo todo querendo conhecer os mistérios da Montanha da Mesa, também chamada aqui por Hoerikwaggo, ou simplesmente Montanha do Mar. Dentre os visitantes mais inusitados, vimos um estrangeiro carregando o filho de três anos nas costas – nada recomendável. Também vimos excursionistas de terno e trajes bem impróprios para a situação, como calça jeans.
Após uma hora e meia de hikking, as pernas começam a ficar trêmulas e você  se sente com o dobro do seu peso. Os ventos começam a ficar cada vez mais gelados e intensos, os quais, na sombra, causam um incômodo suficiente que o motiva a andar metros adiante, só para se esquentar nos raios de sol. Lá embaixo, a Cidade do Cabo. Aqui em cima, as gotas d’água escorrem pelas pedras ou voam com o vento. Incrível miragem, assim como a disposição de dois aventureiros atletas que subiam e desciam enquanto ainda fazíamos a primeira parte do percurso.
Às 13h30, finalmente alcançamos o topo, com seus 1.020 metros de altitude. Entre os arbustos e formações rochosas, repousavam tranqüilos dassies, roedores típicos da fauna local (e que incrivelmente são primos dos elefantes), que ainda tem rãs, cobras e uma grande diversidade de insetos. A vegetação local é seca e formada por pequenos arbustos. De cima da Table Mountain, dá pra observar o subúrbio de Camps Bay e ter uma vista privilegiada formada, meio a meio, pelo céu azul e pelo gelado Oceano Atlântico.
FOTO: Marcos Limonti
Winelands
Encravada na península sul-africana existe uma concentração de fazendas produtoras de vinho que são de causar espanto a qualquer sommelier experiente. São vinícolas com identidade própria, um know how que coloca a África do Sul entre os nove maiores países produtores de vinho do planeta – são quase 710 milhões de litros produzidos anualmente.
Tudo começa pela sofisticação para receber os tasters, um traço presente desde os belos jardins que abrem as estates até as adegas, com atendentes qualificados para a função. É um lugar mais bonito que o outro. O melhor de tudo é que, mesmo com todo o élan europeu e a beleza dos lugares, os vinhos são bem baratos. Há garrafas de boa qualidade que custam a partir de 24 randes (pouco mais de R$ 6).
No roteiro que começamos pela manhã, a primeira agradável surpresa foi Fairview, cuja produção data de 1693. São mais de 20 opções para os degustadores, entre vinhos brancos, de sobremesa, tintos, além das edições limitadas. Provamos vinhos brancos como o Weissir Riesling (44 randes) e o Viognier (70 randes), com aromas de pêssego. Também experimentamos o Pinotage Viognier (tinto seco de 62 randes), que é imperativo para qualquer visitante, já que a uva Pinotage é exclusiva da África do Sul. É ideal para acompanhar carnes e cream cheese, segundo o tasting host Jesse.
Jardins da vinícola Fairview. Um encontro de tradição e refinamento FOTO: Marcos Limonti
Mas se você for a Fairview, não se contente com os vinhos. Reveze seus goles com boas salpicadas de queijos como o Roché, 100% com leite de cabra, e o Crottin. Vá com calma ao queijo Camembert, cujo gosto é bem forte e esquisito. Quer uma combinação perfeita? Tome um bom vinho de sobremesa, como o Sweet Red (47 randes a garrafa) acompanhado do queijo Blue tower. Dá vontade de sair de lá com mil pacotes de queijo e outras mil garrafas…
O passeio peninsular, além da visita ao Cabo da Boa Esperança, permite ao turista ver pinguins e paisagens de tirar o fôlego FOTO: Marcos Limonti
Turista que vem à África do Sul pode visitar safáris em diferentes pontos do país e ver de perto animais como elefantes, leões, zebras, búfalos e girafas FOTO: Marcos Limonti

por: http://comercionacopa.wordpress.com/

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