Rodolfo Tiengo
Direto de Joanesburgo
Bem que as matracas dos mexicanos e as vuvuzelas dos sul-africanos deram o que falar nos primeiros dias de Copa do Mundo. Mas chegou a hora de colocar samba na terra de Mandela. A verdade é que o jogo de estréia da seleção brasileira, contra a Coréia do Norte no Ellis Park, em Joanesburgo, é mais do que esperado. Depois de duas vitórias seguidas nos amistosos contra o Zimbábue (3 a 0) e a Tanzânia (5 a 1), o sentimento geral é de que o Brasil tem um começo tranqüilo e não pode decepcionar.
A grande expectativa é observada entre os brasileiros que chegaram em peso e em definitivo à África do Sul, entre turistas de outras nacionalidades e pelos anfitriões, que simplesmente são apaixonados por nosso futebol. Um desses exemplos de admiração incontestável é Adam Micmiel, 9 anos, que apesar de ter nascido em Londres, Inglaterra, e ter sido criado em Joanesburgo, é fã mesmo da seleção brasileira. “O Brasil vai ganhar a Copa do Mundo. É um time muito bom”, disse o menino.
Tarde dessas, Adam vestia a camisa da seleção e estava de chuteira, na porta da escola em que Dunga treina os jogadores, em Randburg. Com um bloquinho na mão e acompanhado de sua mãe, ele aguardava ansiosamente a saída do time para pegar um autógrafo, especialmente de seus ídolos Kaká e Júlio César – o que ele acabou não conseguindo. Os craques são uma inspiração para o seu futuro. A criança disse que um dia pretende ser jogador de futebol.
Na mesma tarde em que Adam aguardava pela aparição dos jogadores, a poucos metros dali, uma mãe e suas filhas sul-africanas espiavam pela grade do centro de treinamento, na expectativa de enxergar pelo menos a feição dos ídolos – um aceno de Kaká foi suficiente para arrancar muitos gritos. A senhora que falou com a reportagem disse que já tinha passado da hora de voltar pra casa, já que ainda precisava preparar o jantar.
Andando por qualquer canto da cidade, Brasil é sinônimo de alegria, futebol de qualidade e desperta sorrisos. A única ressalva entre os torcedores sul-africanos, que geralmente torcem pelos Bafana Bafana e têm a seleção brasileira como segundo time, é a não escalação de Ronaldinho. “Por que Ronaldinho não foi chamado?” é uma pergunta muito recorrente em qualquer bate-papo sobre o esquadrão de Dunga.
Mas isso é apenas um detalhe diante de tanta simpatia por aqueles que agregam para si o status de futebol-arte. O que os sul-africanos querem ver, assim como nós brasileiros, é obviamente uma equipe caminhando para a vitória, mas que não se esqueça daquilo que a torna tão especial para o mundo da bola: raça, jogadas monumentais e alegria dentro de campo.
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