"Sombra do fracasso" faz Corinthians mudar estratégia do Itaquerão
Interlocutor do clube diz que "lenda" do estádio afasta potenciais investidores
Corinthians pretende começar obras da arena com empréstimo do BNDES (crédito: CDC Arquitetos/Divulgação)
Rodrigo Prada - São Paulo
postado em 03/02/2011 17:44 h
atualizado em 03/02/2011 18:34 h
O Corinthians deve anunciar apenas em abril novidades sobre a construção do estádio de Itaquera, indicado para sediar a abertura da Copa de 2014. Mesmo com o adiamento, interlocutores do clube confirmam que o negócio está fechado e que a terraplanagem da área começa entre abril e maio, após as chuvas de verão.postado em 03/02/2011 17:44 h
atualizado em 03/02/2011 18:34 h
A prorrogação está ligada à mudança de estratégia na negociação dos direitos comerciais da arena. A diretoria considera mais favorável fechar negócios com a obra em andamento.
Gente ligada ao projeto corintiano reclama que o estádio se tornou uma espécie de “lenda”, o que afasta potenciais investidores. Com o projeto em construção, seria mais fácil não apenas convencê-los a participar do negócio, mas também aumentar o valor dos contratos.
Até então, o Corinthians pretendia revelar os parceiros da arena em fevereiro. Agora, a ideia é começar as obras com o empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que tem linha de crédito para os estádios da Copa.
Projeto
Nas contas do clube, ficariam faltando cerca de R$ 200 milhões para o projeto de 65 mil assentos, atingindo o mínimo necessário para receber o jogo de estreia do Mundial. O projeto inicial para 48 mil torcedores foi descartado.
O valor restante seria negociado durante a construção, com a venda dos direitos sobre o nome (naming rights), áreas vip, espaços e assentos comerciais. O Corinthians tem estudo da consultoria Accenture que estima o potencial de receita desses serviços.
Só com naming rights o clube espera arrecadar R$ 200 milhões em 10 anos. Para arrecadar esse valor, alto mesmo para os padrões europeus e norte-americanos, a diretoria aposta suas fichas na novidade da arena, que seria inaugurada já portando o nome do parceiro.
Junto à comercialização do nome, o clube estima receitas anuais de R$ 30 milhões com o estádio, que seriam usadas para quitar a dívida com a Odebrecht, empresa que tomará o empréstimo e tocará as obras.
Isenções
O clube paulista nega que o dinheiro extra virá de patrocínios bancados pela prefeitura, como foi veiculado ontem (2) pela imprensa. O que existe é um programa de incentivos fiscais do município para empreendimentos privados na zona leste de São Paulo, buscando incentivar a revitalização urbanística e aumentar o número de empregos na região. A construção da arena ficaria isenta de ISS e IPTU.
Ao participar da Copa, o estádio alvinegro também se beneficia da isenção de impostos federais e estaduais, fechando o ciclo de benefícios tributários.
Empréstimo
Um dos empecilhos para que a obra comece em abril é que nem o clube nem a Odebrecht enviaram carta-consulta ao BNDES solicitando o financiamento. Para se ter uma ideia dos trâmites, a diretoria do banco demorou entre oito meses e um ano para aprovar os recursos de outros seis estádios do Mundial.
Como a terraplanagem leva de quatro a cinco meses, a obra deve necessariamente começar até maio, já que essa etapa precisa de solo seco. Caso contrário, a construção teria que ser paralisada em novembro, quando recomeça o período chuvoso, o que atrasaria o início da instalação das fundações e comprometeria o cronograma da Copa.
Outro eventual entrave que não preocupa a diretoria corintiana são os dutos da Petrobras que atravessam o subsolo do terreno. Segundo o clube, há garantia de que as tubulações podem ser inutilizadas durante as obras sem prejuízo para o abastecimento de óleo combustível e derivados na região metropolitana de São Paulo.
Colaborou: Rafael Massimino
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