Sem eletricidade, comerciantes se viram com velas em frente ao Ellis Park FOTO: Marcos Limonti
Rodolfo Tiengo
Direto de Joanesburgo
O futebol é uma paixão capaz de transformar a rotina de um determinado lugar. A Copa do Mundo faz isso de forma muito intensa, especialmente em áreas de grande concentração de torcedores, como os arredores do Ellis Park, em Joanesburgo – onde o Brasil venceu ontem o Chile por 3 a 0, nas oitavas de final. Passadas as 18 horas, começava a escurecer na metrópole. Aos poucos, postos de gasolina, áreas residenciais e redes de fast food próximas ao estádio ficavam apinhadas de gente. Pelas ruas vizinhas ao Ellis Park, os moradores aproveitavam para ganhar um dinheiro extra.
O trocado é pouco, mas a agilidade pra manusear o dinheiro tem que ser atilada FOTO: Marcos Limonti
Na rua Fitzroy, para acompanhar o fluxo de torcedores animados, muitos comerciantes tinham chegado cedo para garantir um bom ponto de venda. Ali eles vendiam comida, refrigerante, vuvuzelas e acessórios para amenizar o frio, como tocas e cachecóis personalizados a 50 randes. Além da pressa dos torcedores em entrar no estádio, eles ainda tinham que se virar com a falta de energia elétrica.
À luz de velas, a sul-africana Buelelang Sletjie, 40 anos, preparava e servia pratos com arroz, frango, carne ensopada e salada a 50 randes. Para preparar tudo antes do jogo decisivo, a mulher que vive em Soweto tinha chegado às 11 da manhã. Vindos de Camarões e vivendo em Pretória há seis meses, os irmãos George, 25, e Lucian, 35, também tinham ido bem cedo para garantir visibilidade para as camisas e bandeiras que estavam vendendo.
Aqui não rola aquele papo de "Qual é o seu preço?, mas os preços são bem interessantes. Camisas custam 150 randes FOTO: Marcos Limonti
Como não havia eletricidade e eles não tinham barraca, escolheram um ponto o mais próximo possível do poste. “Eu acho que o Brasil vai ganhar hoje à noite”, já anunciava George, que já tinha vendido 50 camisetas do Brasil (que custam 150 randes) quando faltavam 30 minutos para o jogo começar. Em meio aos vendedores, ambulantes e cambistas também havia adeptos de diferentes religiões distribuindo folhetos e até fazendo pregações no microfone – dentre os folhetos tinha até uma nota de 1 milhão de reais com caricaturas de Pelé e Kaká.
FOTO: Marcos Limonti
Barracas que formam um verdadeiro corredor comercial em frente ao Ellis Park são montadas com antecedência pelos vendedores FOTO: Marcos Limonti
Sul-africana ilumina a barraca para que colega possa preparar comida aos clientes FOTO: Marcos Limonti
por: http://comercionacopa.wordpress.com/
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